A ROCHA [Parte X]
T. S. Eliot
Viste a casa edificada e a contemplaste ornamentada
Por alguém que veio à noite, e a Deus agora se consagra.
Ergue-se agora uma igreja visível, uma luz a mais sobre as
[colinas
De um mundo caótico e obscuro, atormentado pelos pro-
[dígios do medo.
E que diremos no futuro? Que uma igreja foi tudo o que
[logramos construir?
Ou a Igreja Visível irá conquistar o mundo?
A grande serpente jaz sempre semi-alerta, no pélago
[abissal do mundo, enrodilhada
Em suas próprias espirais, até que esfomeada se desperte e
[mova sua cabeça de um para outro lado, à espera de sua
[hora para devorar.
Mas o Mistério da Iniquidade é um abismo tão profundo
[que os olhos mortais não podem perscrutar. Afastai-vos
Daqueles que adoram os olhos dourados da serpente,
Os idólatras, que a si próprio à serpente se imolam. Segui
Vosso caminho e ficai à parte.
Não sejais muito curiosos acerca do Bem e do Mal;
Não almejeis contar as ondas que o Tempo ainda haverá de
[propagar;
Contentai-vos de que haja luz bastante
Para que vosso passo seja dado e encontrado seja o solo
[onde apóia-lo.
Ó Luz Invisível, Te louvamos!
Por demais fulgurante aos olhos dos mortais.
Ó Luz Suprema, Te louvamos por toda luz menor;
Pela luz oriental que de manhã tangencia os campanários,
Pela luz que se debruça à tarde sobre nossas portas oci-
[dentais,
Pelo dilúculo sobre as poças estagnadas quando freme o
[morcego suas asas,
Pela luz do luar e das estrelas, da coruja e da falena,
Pela cintilante luz do pirilampo entre as lâminas da grama,
Ó Luz Invisível, Te adoramos!
Te agradecemos pelas luzes que acendemos,
Pela luz do altar e do sacrário;
Pelas luzes pequeninas dos que à meia-noite meditam
E as luzes que se filtram pelos vidros coloridos das janelas
E a luz que refletem os seixos cinzelados,
A pátina das madeiras entalhadas, a afresco multicor,
Nossa contemplação é submarina, nossos olhos sondam a
[superfície
E vêem a luz que se dispersa por entre as águas irrequietas.
Vemos a luz, mas não a fonte que a irradia.
Ó Luz Invisível, Te glorificamos!
Em nosso ritmo de vida sobre a terra a luz nos afadiga.
Alegremo-nos quando agoniza o dia, quando o jogo finda;
[e o êxtase por demais nos lancina,
Somos crianças prematuramente exaustas: crianças que
[ficam à noite acordadas e que o sono só trespassa quando
[o fogo do rojão se alastra; e o dia é longo para o trabalho
[ou para em folguedo passá-lo
Fadigam-nos a distração ou a concentração, dormimos
[sempre alegres por adormecermos,
Controlados pelo ritmo do sangue e do dia e da noite e das
[estações.
E devemos apagar o candeeiro, expurgar a luz e reacendê-la;
Devemos para sempre avivar e reacender a chama.
Te agradecemos pois por nossa luz exígua, marchetada de
[sombras.
Te agradecemos por havermos sido impelidos a edificar, a
[descobrir, a dar forma às pontas de nossos dedos e aos
[raios de nosso olhar.
E quando houvermos erguido um altar à Invisível Luz, pos-
[samos nós dispor sobre eles as pequeninas luzes para as
[quais nossa visão corpórea foi criada.
E Te agradecemos pelas trevas que nos recordam a luz.
Ó Luz Invisível, por tua grande glória Te rendemos graça!
Poesia - Editora Nova Fronteira
Tradução: Ivan Junqueira
A TAREFA
William Cowper
Eu era um cervo ferido, que deixou o bando
Faz muito tempo; Meu lado arquejante estava
carregado
Com muitas flechas profundamente cravadas,
quando me retirei
Para procurar uma morte tranquila em sombras
distantes.
Ali fui encontrado por alguém que tinha sido ferido,
ele mesmo,
pelos arqueiros. em seu lado ele carregava as
cicatrizes cruéis
Também nas suas mãos e em seus pés.
Com força gentil, tomando os dardos,
Arrancou-os, curou-me e me ordenou que vivesse.
Desde então, com uns poucos companheiros,
Em florestas remotas e silenciosas eu vago, longe
daqueles
Antigos companheiros de cenários populosos.
Com poucos parceiros e não querendo nada mais.
"O Sorriso Escondido de Deus" - John Piper - Ed. Shedd
T. S. Eliot
Viste a casa edificada e a contemplaste ornamentada
Por alguém que veio à noite, e a Deus agora se consagra.
Ergue-se agora uma igreja visível, uma luz a mais sobre as
[colinas
De um mundo caótico e obscuro, atormentado pelos pro-
[dígios do medo.
E que diremos no futuro? Que uma igreja foi tudo o que
[logramos construir?
Ou a Igreja Visível irá conquistar o mundo?
A grande serpente jaz sempre semi-alerta, no pélago
[abissal do mundo, enrodilhada
Em suas próprias espirais, até que esfomeada se desperte e
[mova sua cabeça de um para outro lado, à espera de sua
[hora para devorar.
Mas o Mistério da Iniquidade é um abismo tão profundo
[que os olhos mortais não podem perscrutar. Afastai-vos
Daqueles que adoram os olhos dourados da serpente,
Os idólatras, que a si próprio à serpente se imolam. Segui
Vosso caminho e ficai à parte.
Não sejais muito curiosos acerca do Bem e do Mal;
Não almejeis contar as ondas que o Tempo ainda haverá de
[propagar;
Contentai-vos de que haja luz bastante
Para que vosso passo seja dado e encontrado seja o solo
[onde apóia-lo.
Ó Luz Invisível, Te louvamos!
Por demais fulgurante aos olhos dos mortais.
Ó Luz Suprema, Te louvamos por toda luz menor;
Pela luz oriental que de manhã tangencia os campanários,
Pela luz que se debruça à tarde sobre nossas portas oci-
[dentais,
Pelo dilúculo sobre as poças estagnadas quando freme o
[morcego suas asas,
Pela luz do luar e das estrelas, da coruja e da falena,
Pela cintilante luz do pirilampo entre as lâminas da grama,
Ó Luz Invisível, Te adoramos!
Te agradecemos pelas luzes que acendemos,
Pela luz do altar e do sacrário;
Pelas luzes pequeninas dos que à meia-noite meditam
E as luzes que se filtram pelos vidros coloridos das janelas
E a luz que refletem os seixos cinzelados,
A pátina das madeiras entalhadas, a afresco multicor,
Nossa contemplação é submarina, nossos olhos sondam a
[superfície
E vêem a luz que se dispersa por entre as águas irrequietas.
Vemos a luz, mas não a fonte que a irradia.
Ó Luz Invisível, Te glorificamos!
Em nosso ritmo de vida sobre a terra a luz nos afadiga.
Alegremo-nos quando agoniza o dia, quando o jogo finda;
[e o êxtase por demais nos lancina,
Somos crianças prematuramente exaustas: crianças que
[ficam à noite acordadas e que o sono só trespassa quando
[o fogo do rojão se alastra; e o dia é longo para o trabalho
[ou para em folguedo passá-lo
Fadigam-nos a distração ou a concentração, dormimos
[sempre alegres por adormecermos,
Controlados pelo ritmo do sangue e do dia e da noite e das
[estações.
E devemos apagar o candeeiro, expurgar a luz e reacendê-la;
Devemos para sempre avivar e reacender a chama.
Te agradecemos pois por nossa luz exígua, marchetada de
[sombras.
Te agradecemos por havermos sido impelidos a edificar, a
[descobrir, a dar forma às pontas de nossos dedos e aos
[raios de nosso olhar.
E quando houvermos erguido um altar à Invisível Luz, pos-
[samos nós dispor sobre eles as pequeninas luzes para as
[quais nossa visão corpórea foi criada.
E Te agradecemos pelas trevas que nos recordam a luz.
Ó Luz Invisível, por tua grande glória Te rendemos graça!
Poesia - Editora Nova Fronteira
Tradução: Ivan Junqueira
A TAREFA
William Cowper
Eu era um cervo ferido, que deixou o bando
Faz muito tempo; Meu lado arquejante estava
carregado
Com muitas flechas profundamente cravadas,
quando me retirei
Para procurar uma morte tranquila em sombras
distantes.
Ali fui encontrado por alguém que tinha sido ferido,
ele mesmo,
pelos arqueiros. em seu lado ele carregava as
cicatrizes cruéis
Também nas suas mãos e em seus pés.
Com força gentil, tomando os dardos,
Arrancou-os, curou-me e me ordenou que vivesse.
Desde então, com uns poucos companheiros,
Em florestas remotas e silenciosas eu vago, longe
daqueles
Antigos companheiros de cenários populosos.
Com poucos parceiros e não querendo nada mais.
"O Sorriso Escondido de Deus" - John Piper - Ed. Shedd